siiky
2024/09/02
2024/09/02
2024/09/02
book,pt
https://openlibrary.org/books/OL51709196M
p. 81
Durante seis dias uma esposa cozeu o pão. Foram seis pães para seis manhãs, e em cada uma das manhãs ela deixou cada um dos pães à cabeceira do homem. Permaneceram intocados, alguns ressequiram, outros ganharam bolor, outros até se cobriram de mofo. Ao sétimo dia a esposa voltou a cozer pão, e o cheiro dele nas brasas acordou o homem.
p. 103
Um esquimó armazena com cuidado a carne fresca sob a neve. Sabe que se aquilo ficar guardado em condições toda a sua família terá o que comer durante o inverno inteiro. Enquanto escava a terra gelada, recorda aquele estrangeiro que no ano passado o visitou -- o homem falava muito, e pensava mais ainda. O esquimó, apanhado por essa memória, deixa soltar um riso malandro. «Afinal,» sussurra ele à neve, «por que razão precisa o homem do sul de pensar tanto a toda a hora?» O esquimó sabe que, se a carne for suficiente para atravessar mais um inverno, não é preciso pensar em mais nada.