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Ricardo Diogo Mainsel Duarte, "O anarquismo e a arte de governar"

siiky

2024/06/30

2024/07/07

2024/07/07

book,anarchism,history,pt

https://openlibrary.org/books/OL51750045M

Neste quadro, as greves e os sindicatos são estudados enquanto lugares de reivindicação e conflito, mas, na mesma medida, enquanto espaços comunitários de solidariedade e sociabilização, simultâneamente impulsionadores de uma transformação social e individual e criadores de um sujeito revolucionário particular.

p. 56

Os seus dirigentes foram, na sua maioria, autodidactas e raramente elaboraram obras doutrinais ou de fôlego teórico. A disseminação do anarquismo no país deveu bastante ao próprio processo das lutas operárias e deu-se, em grande medida, pela propaganda oral (nas assembleias, nos comícios, nos sindicatos e nos diversos espaços da sociabilidade operária) e escrita (mas aqui especialmente através da imprensa operária, difusão de folhetos, opúsculos e brochuras e traduções de autores estrangeiros). Apesar da importância de alguns intelectuais, a expansão do anarquismo em Portugal deveu-se acima de tudo, à acção dos agentes operários e foi em conformidade com os seus reportórios de luta e a partir do seu imaginário que este foi recebido e apropriado, moldando-se e sendo moldado por esse encontro. Ora, pelo que dissemos antes, a historiografia não atende às longas discussões de fundo teórico que foram travadas entre os agentes operários ou com interlocutores de outras classes sociais e culturas políticas; discussões essas que os colocavam como actores da vida moderna, esboçando novos projectos e novas vias para a sua execução. A linguagem em que os anarquistas se exprimiam era simples à luz dos códigos letrados. Os termos e conceitos que usavam para ordernar a realidade e, no fundo, expressar os seus desejos, acentuam a distância em relação a uma vanguarda que define o que é a modernidade e julga em função disso. Uma vanguarda de que inconfessadamente participa o historiador, aos olhos do qual os discursos anarquistas soam bizarros e primários, pejados que estão de recursos retóricos alheios a noções académicas de "racionalidade" e "cientificidade". O fosso entre uns e outros sai reforçado pela aparência do carácter rudimentar do conhecimento que revelam sobre o mundo das "elites" e das vanguardas que procuram empurrá-los na direcção do progresso. As suas acções são reduzidas a uma espontaneidade pouco consequente, devedora do instinto, do romantismo e de um ímpeto messiânico, mais do que de uma racionalidade consonante com a modernidade. Pela nossa parte, preferimos antes seguir a sugestão feita pelo filósofo e historiador Jacques Rancière no trabalho A Noite dos Proletários:
> "deixando, por uma vez, expressar-se o pensamento daqueles que não estão 'destinados' a pensar, talvez venhamos a reconhecer que as relações entre a ordem do mundo e os desejos dos que a ela estão submetidos oferecem um pouco mais de complexidade do que o admitem os discursos eruditos" (2021, 11)

pp. 62-63

Recordemos, ainda, Martin Buber, e a distinção que faz entre a ideia de revolução no anarquismo e noutras culturas políticas revolucionárias, como o marxismo, sendo no primeiro um "contínuo pós-revolucionário" e no segundo um "salto revolucionário", isto é, no primeiro, a ideia de que a revolução é um processo contínuo e que uma sociedade igualitária e horizontal nunca será plenamente alcançada e, no segundo, a ideia de que há um antes e um depois marcado por um evento transformador revolucionário.

p. 74

Notes to be taken

p80 Contrariamente ao que é usualmente sugerido

p83 o direito de peticao e a sujeicao

p91 Num texto não assinado,

Ângelo Jorge, Irmânia: Novela Naturista

p128 separa-nos dos sindicalistas e dos anarquistas