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Os seres vivos modificam o meio em que vivem por consequência de nele viverem, pois do meio são extraídos os nutrientes necessários para a manutenção e desenvolvimento desses organismos, logo dele dependem. Os seres vivos também modificam o ambiente a fim de torná-lo mais propenso a sua sobrevivência, e mesmo havendo uma capacidade máxima de suporte por parte dos ecossistemas, observa-se na natureza ciclos de equilíbrio entre as espécies, outras espécies e seu meio, onde esse último consegue se recuperar das pequenas e lentas degradações causadas pelos seres vivos.
A evolução tecnológica dá a espécie humana o poder de modificar seu habitat de forma rápida e drástica. Estes grandes poderes são seguidos por grandes responsabilidades, e a perda da dimensão natural pode ter consequências dramáticas à biosfera como um todo.
As universidades desenvolvem as capacidades instrumentalizadas de modificação do meio natural e as disseminam por meio dos indivíduos formandos. A conscientização dos formandos pode ser vista como uma oportunidade de contenção da degradação ambiental, porém, essa estratégia se torna ineficaz quando falha em modificar os processos produtivos em suas premissas básicas.
A educação e a consciência ambiental dos indivíduos dotados do potencial de transformação do meio natural contribui apenas com um potencial desaceleramento da devastação e do esgotamento dos recursos naturais enquanto inseridos em uma sociedade capitalista. Educar os futuros profissionais é sim importante, porém essa educação não se mostra eficaz em uma organização social que busca usurpar de todos os recursos naturais, de todas as formas possíveis, em função do lucro e do acúmulo de bens simbólicos, efetivamente colocando a vida em segundo plano de prioridade.
As raízes do problema ambiental são a divisão social do trabalho e os modos de produção, e não a ignorância ambiental por parte dos profissionais que têm a oportunidade de tomar decisões que afetam substancialmente o meio ambiente por meio de uma dada atividade. Tal sistema social discursa o distanciamento entre o ser humano e a natureza, incentiva o consumível e o descartável, resultando na falta de empatia ao meio ambiente e na redução do natural a meros recursos, inevitavelmente levando a uma situação insustentável. Nesse cenário, imaginar uma relação harmônica entre nossa espécie e o meio por virtude da educação ambiental soa utópico e ingênuo, se não alienador.