C.S. Lewis, Richard Dawkins e o Sentido da Vida

Postado em 07.08.2022 00:00

Capa

Autor(es): Alister McGrath

Editora: Editora Ultimato

Páginas: 96

Idioma: português

ISBN-13: 9786586173024

ISBN-10: 6586173027

O autor Alister McGrath é um ex-ateu, teólogo e apologista cristão. Nesse livro, ele se propõe a "mediar um debate" entre [C.S. Lewis](https://pt.wikipedia.org/wiki/C._S._Lewis) e [Richard Dawkins](https://pt.wikipedia.org/wiki/Richard_Dawkins).

Lido há 10 anos, certamente me empolgaria muito. Lido em 2022, depois de alguns anos pensando e lendo sobre as questões tratadas no livro, pareceu-me que não fui apresentado a nada muito novo.

Fiquei com a sensação que já tinha antes da leitura: cristãos - e religiosos em geral - não estão preocupados em discutir se suas crenças estão próximas da materialidade ou não, estão interessados em dar sentido às suas vidas.

Lewis sugere que julguemos um conjunto de crenças por sua capacidade de dar sentido às coisas. Mas, certamente, devemos perguntar que evidência pode nos levar, em primeiro lugar, a adotar essas crenças, em vez de apenas tomá-las como certas e, em seguida, proceder à avaliação delas.

Em outros momentos, o autor parece tangenciar o caminho batido de afirmar que conhecer propriedades do universo é pouco importante ou monótono.

Aqui estão três afirmações que acredito estar corretas, com base nas evidências disponíveis para mim:
1. A precipitação pluviométrica anual na cidade inglesa de Durham em 1870 foi de 604,8 mm.
2. O peso atômico do único isótopo estável de ouro é 197.
3. A fórmula química da água é H2O.
Todas essas três afirmações atendem ao padrão ouro de confiabilidade, pois cada uma delas é rigorosamente baseada em evidências. No entanto, nenhuma delas parece muito importante. Um mundo baseado nessas afirmações não é apenas muito pequeno e monótono, é existencialmente insatisfatório – não passa de uma agregação de fatos. Acho que viver em um mundo tão mental não seria grande coisa, e certamente não seria significativo. Nós precisamos de mais.

Acho isso de uma falta de curiosidade absurda. Citando [Douglas Adams](https://pt.wikipedia.org/wiki/Douglas_Adams):

Não basta apreciar a beleza de um jardim, sem ter que imaginar que há fadas nele?

Ficando só no fato 2: o que **exatamente** significa ter peso atômico 197? Isso torna o ouro parecido com mais algum elemento no universo? Qual a diferença entre um isótopo estável e um instável? O modelo atômico em si, surgiu como? É útil por quê? Que fenômenos ele explica? Se explica, significa que nós, feitos de matéria, somos, como disse [Carl Sagan](https://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Sagan), o universo pensando sobre si próprio.

Como isso é "pequeno e monótono" ou "existencialmente insatisfatório"?

Dou créditos ao autor por se dedicar a apresentar com algum cuidado as posições do Dawkins - apesar de "puxar a sardinha" para o Lewis - e por tratar brevemente dos limites epistemológicos dos humanos. Na minha experiência, é mais boa vontade com um ateu do que demonstra a média dos cristãos.