Postado em 29.01.2022 00:00
Autor(es): Ian McEwan
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 168
Idioma: português
ISBN-13: 9786559213092
ISBN-10: 6559213099
A história de um casal bastante apaixonado que acaba se separando por diferenças de visão de mundo irreconciliáveis.
A verdade é que nós nos amamos, nunca deixamos de nos amar, somos obcecados. E fracassamos em fazer algo com isso. [...] Não conseguimos desistir do amor, mas não nos curvamos ao seu poder. [...] Se sou amarga é porque nunca me perdoei.
Ambos iniciam o relacionamento alinhados, inclusive politicamente. Tornam-se membros do partido comunista britânico. Há muitos planos para o casal e para o mundo (a história se passa na otimista Europa pós 2ª Guerra); mas Bernard é materialista e permanece assim ao longo da vida, já June torna-se mística e espiritualista após uma experiência traumática.
O narrador é o genro que não possui uma posição bem definida. No prefácio ele afirma:
Em conversas com eles ao longo de muitos anos, descobri que o vazio emocional, a sensação de não pertencer a lugar nenhum e a ninguém que me afligiu entre os oito e trinta e sete anos, teve uma importante consequência intelectual: eu não tinha apegos, não acreditava em nada.
É a escolha ideal de narrador por conseguir ficar "neutro". Nem sobre sua própria falta de paixão por uma posição o narrador tem convicção:
A meu ver, acreditar em tudo, não fazer escolhas, dá no mesmo que não acreditar em coisa alguma. Não sei ao certo se nossa civilização, nesta virada de milênio, sofre de um excesso ou de uma falta de crença, se são pessoas como Bernard ou June que causam problemas, ou pessoas como eu.
Atrito com pessoas queridas por divergências ideológicas se tornou uma experiência bem comum nos últimos anos. Muita gente vai se identificar com esse livro. Gostei bastante.