Postado em 29.08.2022 00:00
Autor(es): Amanda Palmer
Editora: Intrínseca
Páginas: 304
Idioma: português
ISBN-13: 978858057690
ISBN-10: 858057689X
Esse livro é uma elaboração mais longa dos assuntos abordados no TED Talk da Amanda Palmer.
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Hoje é rotineiro, mas no tempo de publicação do livro, *crowdfunding* não era uma coisa tão comum. Abandonar os intermediários e pedir financiamento aos fãs diretamente parecia uma loucura, alguns interpretavam como mendicância.
Ela própria enfrentou dúvidas no processo, mesmo compreendendo que pedir ajuda é um processo de troca, humano e natural. Mesmo já tendo pedido ajuda não financeira em vários momentos de sua vida de artista, seja por um lugar para dormir, comida ou instrumentos musicais.
[...] não é tanto o ato de pedir que trava a gente. É o que está por trás: o medo de ser vulnerável, o medo de ser rejeitado, o medo de parecer fraco ou carente. O medo de ser visto como um estorvo, e não como agente ativo da comunidade. Isso leva essencialmente ao distanciamento entre as pessoas [...]
Muitas vezes, o que nos imobiliza é a própria sensação de que não merecemos ajuda.
Esse é o tema principal: **o valor em pedir e aceitar ajuda**. O individualismo exacerbado promovido pelo capitalismo nos tira essa perspectiva, de que é normal ser ajudado. Quem pede ajuda receia ser visto como um fardo. Perdemos nossa capacidade de pedir ajuda, especialmente no campo emocional.
Em geral, eles não tinham muita dificuldade em certos departamentos do pedir, mas, quando se tratava das suas necessidades emocionais, isso virava um problema. Sabiam pedir aumento, mas não conseguiam pedir um abraço.
É inspirador e não é um livro de autoajuda. É a jornada da autora de sua época de estátua viva até o rompimento com sua gravadora e campanha recordista no [Kickstarter](https://www.kickstarter.com/), passando pelo adoecimento de seu melhor amigo, o casamento com Neil Gaiman, um aborto e muito mais.
Nesse caminho, vemos as dificuldades e sucessos de Amanda no processo de pedir e a comunidade criada com ela e seus ajudadores.
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Uma última nota: como a visão de que produzir arte não é trabalho é tacanha, não? E quando é percebido como trabalho, é valorado de acordo com algum validador externo. Irritante.
Ninguém teria gritado VAI TRABALHAR para o cara que estivesse pegando os ingressos na porta de uma galeria em que A Noiva estivesse em exposição. É como se, com o passar do tempo, tanto os artistas quanto o público tivessem se acostumado à presença de um agente legitimador, um intermediário comercial que lança um pozinho de pirlimpimpim profissional sobre a troca.